A visão de um adestrador é bem diferente da visão de um condutor (condutor é o proprietário do animal que o conduz durante as sessões), em uma visita de A/TAA. O adestrador não leva seus cães na sessão, permanecendo como observador, avaliando cada sinal do cão e seu condutor em cada exercício, como melhorar o desempenho da dupla, como ajudar o cão a entender melhor o que se espera dele, como melhorar a comunicação do condutor e do cão, etc. É necessário ter experiência com cães, uma visão profunda sobre treinamento, comportamento e linguagem canina, além de um timing bastante preciso. O adestrador fica de longe observando o todo, sem interferir ou fazer parte dos exercícios.
Ao final das sessões que acompanho, costumo sempre fazer um fechamento com a equipe, comentando todos os pontos que observei em cada dupla que podem ser melhorados. O acompanhamento de algumas sessões é extremamente importante para conhecermos bem os cães trabalhando e muitas observações influem no treinamento deles.
Como condutor é preciso estar atento aos diversos sinais dos cães (conhecimento adquirido nas aulas de adestramento), à dinâmica da atividade, aos assistidos e suas necessidades, além de ter a responsabilidade de seguir as orientações do treinador da equipe e treinar seu cão diariamente por pelo menos dez minutos por dia em casa. O condutor interage com os assistidos e pode fazer parte da dinâmica trabalhada na sessão.
Meu próprio Cão Terapeuta
Pensei em cada um dos seis cães que tínhamos na época e se algum deles poderia estar apto a ser um cão terapeuta. Eu e o Leonardo sempre dividimos as responsabilidades sobre os cães, ele cuidava de quatro e eu de duas: Ivy, SRD de porte grande e Radha, border collie, que vieram de Campinas comigo. Porém, após alguns testes e conhecendo-as bastante, nenhuma das duas possuía o temperamento que considero ideal para este tipo de trabalho.
Ivy – SRD |
Radha – Border Collie |
Um dos cães do Leonardo, o Anakin, tem um temperamento excelente, mas na época ele estava sendo treinado quase todos os dias para competir no Agility e acabei desistindo de treiná-lo para A/TAA. O calendário de provas do Agility é bastante puxado e sempre aos finais de semana, coincidindo com o trabalho realizado pela Equipe Terapia Cão Carinho.
Anakin – Border Collie |
Quando a Camomila, nossa Border Collie nasceu, comecei a pensar seriamente na possibilidade de avaliá-la para o trabalho de cão terapeuta. Eu já havia adquirido uma certa experiência no treinamento de cães para A/TAA e gostaria de aprender também como ser uma boa condutora.
Cheguei a levar a Camomila para algumas aulas de socialização da Equipe Terapia Cão Carinho, na época ela era uma filhota de quatro meses. Porém, depois de três meses, ganhei um Papillon filhote, muito fofo. Eu e Leonardo concordamos que seria puxado demais treinar dois filhotes ao mesmo tempo, e ele acabou assumindo as responsabilidades sobre a Camomila, focando o treinamento dela em Agility, seu dom natural.
Camomila – Border Collie |
Meu foco se voltou ao pequeno orelhudo Google. Havia feito uma pré-avaliação dele, antes de decidir trazê-lo para casa e o ratinho passou em todos os testes com louvor.
Google com dois meses, ainda no Canil Salatino |
Nestes um ano e três meses comigo, foquei o treinamento dele para a A/TAA e chegou a hora de avaliá-lo. Decidi pedir ajuda à duas pessoas que também trabalham com isso, Kátia e Carla da ONG Inataa, para avaliá-lo. O fato de ele ser meu cão, por mais que eu me esforçasse, e até sem perceber, poderia interferir no resultado dos testes.
Google com quatro meses e Mariana: socialização com crianças, na escola de Agility Dog World |
Google com nove meses, no aniversário do Cachorro Verde |
Levei-o no sábado passado, e depois de três intensas horas de troca de experiências e de avaliação, ele passou!
Foi muito importante eu ter passado pela experiência de ter um cão avaliado por outras pessoas, super competentes e sérias, porque isso com certeza me ajudará a compreender melhor os donos de cães que levam seus amados para que a “tia Sara” avalie. Eu fiquei ansiosa, fiquei apreensiva e mesmo fazendo um esforço hercúleo, criei expectativas. Isso é inerente ao ser humano.
A responsabilidade aumentou mais ainda, e terei que trabalhar em alguns pontos específicos que recebi de feedback da Kátia e da Carla, pois o Google apresentou sensibilidade ao ser “beliscado” nas costas, porém sem agressividade. Geralmente cães pequenos costumam ser mais sensíveis e nós acabamos tendo muito mais cuidado ao manuseá-los. Trabalharei bastante esses pontos durante três semanas e depois preciso mostrar os resultados para elas.
Uma nova etapa
Agora começaremos juntos, eu como condutora aprendiz e meu pequeno orelhudo Google como trainee, iniciando nossa fase de adaptação ao trabalho, tanto na Equipe Terapia Cão Carinho, como na Equipe TAC. Será uma longa fase de aquisição de experiências e estudos mais profundos dos diversos tipos de assistidos e pacientes que são atendidos. Espero que eu consiga aprender rápido para ajudar o ratinho a desempenhar cada vez melhor e um dia se tornar um pequeno grande cão terapeuta!
Tudo isso só foi possível por causa de duas pessoas, Rochester e Cláudio, criadores da raça e proprietários do Centro Cinófilo Salatino, que me deram o melhor presente que já ganhei na vida, o Google, meu companheiro de todas as horas, doce e inteligente, que traz alegria e me diverte todos os dias.
Muitíssimo obrigada à Kátia e à Carla, pessoas extremamente dedicadas ao trabalho de A/TAA no Inataa, super competentes e experientes, que se dispuseram com a maior boa vontade a avaliar o Google e se colocaram super abertas para trocarmos experiências como treinadoras de cães de A/TAA, o que foi muito importante para mim!
E agradeço ao pequeno Google, pequeno de tamanho mas grande em virtudes, por ter entrado na minha vida e todos os dias me transformar em uma pessoa melhor, com a paciência e o amor incondicional que os cães naturalmente possuem.
Parabéns por mais esta conquista, Sara!!! Com certeza você merece, viu?! Que Google seja um pequeno grande cão terapeuta, além de ser um ótimo companheiro!Beijos a todos vocÊs!!!Ful
Obrigada Ful!!!! 🙂
Parabéns Sara! Só imagino a felicidade que você deve estar nesse momento! Conseguiu, finalmente, seu primeiro cão terapeuta! Que Google tenha sucesso no seu novo “trabalho”. =Dbeijos
Maravilha! Parabéns Sara! Todo sucesso do mundo pra vocês dois! Esse trabalho é muito importante e creio que vocês vão levar cura e alegria pra muita gente! Bjs.
Obrigada Karine Lima e obrigada Mãe!
Linda sua história e inspiradora! Estou iniciando e sei o quanto tenho a aprender, e o espaço do grupo no face tenho certeza que me ajudará muito!Abraços e sucesso, Ale.
Ale, obrigada!!! 🙂
Gostaria de um adestrador para fazer do meu cão um cão terapeuta.
Sou de São Paulo.
Alguma sugestão que tenha um preço bacana?
Boa noite.
Estou na iminência de ganhar uma Golden Retriever.
Gostaria de saber quais são os critérios básicos para tornar minha sol em um cão terapeuta, e onde leva lá para treinamento.
Sou do Rio de Janeiro.
Obrigada
21 99977-0662 Helena.
Oi Maria Helena, tudo bom?
Muito bacana a sua atitude!
Você pode acessar o site do INATAA para maiores informações: http://www.inataa.org.br/
Um abraço,
Luana Coelho
Sara, quero muito ter um cão terapeuta. Sou neuropediatra e gostaria de levá-lo comigo ao Consultorio e quem sabe para algumas visitas a pacientes em hospitais. Atou um pouco perdida no passo a passo. Você poderia me ajudar? Sou de Belo Horizonte e queria um referencial ou suporte para iniciar treinamentos e aprendizado nessa área. Muito obrigada