Os animais na natureza estão constantemente em busca de alimento, água, território, disputas pelo parceiro sexual, abrigo, evitando predadores. Vivem novas experiências com muita freqüência, tendo a oportunidade de aprender com cada escolha que fazem. Em um ambiente artificial, a alimentação é fornecida e os animais não precisam competir, estando protegidos de seus predadores. Muitas vezes o ambiente não possui distrações (são jaulas de cimento e grade ou gaiolas), levando o animal a viver anos em espaço muito reduzido e sem nenhum desafio físico e mental. Isso gera sérios problemas comportamentais.
Apenas na década de 70 o conceito de enriquecimento ambiental começou a ser difundido e aplicado em zoológicos pelo mundo. Enriquecimento ambiental é a criação de um ambiente mais complexo e interativo, promovendo desafios e novidades que simulam situações que ocorreriam na natureza, oferecendo oportunidade de escolha ao animal mantido em cativeiro. Isto permite a expressão de comportamentos específicos de cada espécie. É necessário que se faça uma investigação comportamental, principalmente de espécies pouco conhecidas. Logicamente há uma limitação de espaço e atividades, mas é possível incrementar imensamente o ambiente em que o animal vive com o enriquecimento, tornando-o mais complexo, portanto, menos previsível.
O tipo de alimento e a maneira como ele é oferecido (camuflado inteiro ou congelado), assim como a introdução de vegetação, barreiras visuais, substratos, estruturas para se pendurar ou se balançar (como cordas, troncos ou mangueiras de bombeiro), sons com vocalizações, ervas aromáticas, tocas, piscinas, fezes de outros animais são maneiras de se enriquecer recintos em zoológicos.
É importante estarmos atentos a um fato importante: em pouco tempo os estímulos desaparecem, tornando o ambiente monótono novamente, ou seja, o animal se habitua aos brinquedos, substratos e objetos. É necessário que se tenha muita criatividade e que se faça uma rotação de todos os itens utilizados para promover o enriquecimento.
Existem cinco tipos de enriquecimento ambiental, que devem ser apropriados a espécie em questão, para garantir não só a segurança dos animais como do público, no caso de animais cativos no zoológico. São eles:
1. Físico: relacionado a estrutura física do recinto, ou seja, introdução de aparatos que deixem o ambiente semelhante ao habitat natural de cada espécie. Exemplo: vegetação, diferentes substratos (como terra, areia, grama, folhas secas), estruturas para se pendurar e balançar (como cordas, troncos ou mangueira de bombeiro) etc.
2. Sensorial: É amplamente utilizado e consiste na estimulação dos cinco sentidos dos animais: visual, auditivo, olfativo, tátil e gustativo. Sons com vocalizações, ervas aromáticas, urina e fezes de outros animais (com acompanhamento periódico, através de exames coproparasitológicos).
3. Cognitivo: Dispositivos mecânicos (“quebra-cabeças”) para os animais manipularem são maneiras de estimular suas capacidades intelectuais.
4. Social: Consiste na interação intra-específica ou inter-específica que pode ser criada dentro de um recinto. Os animais têm a oportunidade de interagir com outras espécies que naturalmente conviveriam na natureza ou com indivíduos da mesma espécie.
5. Alimentar: variações na alimentação também podem ser consideradas um tipo de enriquecimento ambiental em cativeiro. É de suma importância ressaltar que tais variações devem ser de acordo com os hábitos de cada espécie, visando sempre o bem-estar animal. Alimentos que não constam na dieta habitual do cativeiro podem ser oferecidos aos animais esporadicamente, como frutas da época, por exemplo. Variações na maneira como estes alimentos são oferecidos (inteiros, escondidos ou congelados), na freqüência (diariamente ou não) e no horário (manhã, tarde ou noite).
A primeira coisa que nos chamou a atenção quando visitamos o Zoológico de São Paulo, foi que a maioria dos psitacídeos estava com casal formado. Este tipo de conduta, ainda pouco explorada, chama-se Enriquecimento Social, explicado acima. Alguns animais, como os primatas que apresentam hábitos sociais bastante evidentes, têm maior necessidade deste tipo de atividade; já outros de hábitos solitários pouco dependem desse tipo de interação.
Desta forma, uma das técnicas de enriquecimento que podem ser utilizadas para minimizar esta questão é o uso de espelhos para proporcionar aos animais novos estímulos no ambiente cativo. Para alguns indivíduos, o espelho pode ainda exercer uma outra função a partir do momento em que eles se reconhecem ao observar sua imagem refletida, como acontece com a maioria dos chimpanzés (Pan troglodytes). Ao estimular a capacidade cognitiva destes animais, estamos contribuindo também com seu bem-estar.
Ainda convém citar que assim como as demais técnicas de enriquecimento ambiental, esta deve ter sua permanência previamente determinada, bem como ser acompanhada de observações etológicas para garantir a segurança dos animais.
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Nosso próximo artigo ensinará como utilizar o Enriquecimento Ambiental para nossos animais de estimação, não perca!
Aprenda mais aqui: http://www.zoologico.sp.gov.br/
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