O início

Quando decidimos aceitar esse novo desafio há alguns meses atrás, eu tinha uma idéia do que era treinar cães para esse fim. Nada como alguns meses de estudo para mudar paradigmas né? Conforme fui estudando, um mundo foi se abrindo prá mim e percebi a real complexidade desse tipo de treinamento.

Vamos imaginar que quando adquirimos um filhote, seja de raça, seja um SRD, existe um leque com milhões de possibilidades. Dependendo do meio em que vive, de como é criado, o cão pode se tornar um cão maravilhoso, sociável, educado ou então um anti social, agressivo, mal educado e intolerante. A maioria das pessoas julga que esse “destino” vem somente da genética do cão, ou seja, ele é assim, mas nada pode ser mais distante da realidade. O cão é fruto do meio em que vive também. Logicamente o temperamento genético dele vai influenciar bastante, mas é possível obter resultados muito bons mesmo com os cães menos prováveis!

Partindo disso, me deparei com um retriever do labrador de 2 meses, cheio de energia, sem conhecer nada do mundo além da mãe, irmãos e do canil, com todo um caminho a ser trilhado para quem sabe, chegar no objetivo final de ser um cão de assistência. A responsabilidade é gigantesca, bem como as possibilidades na vida dele. Às vezes pensei em desistir, quando me deparei com situações difíceis de manejo, falta de sono, etc, mas a cada dia agradeço demais por esse chocolate fofinho muito meigo por quem sou apaixonada, que em apenas 3 meses já me transformou em uma treinadora diferente.

Amassando o “Bollo” Pullman no dia que ele veio prá casa:

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Você sabe quais são os tipos de Cães de Assistência? 

Cão guia de cego: são os cães que acompanham pessoas cegas e com deficiência visual. O papel do cão é conduzir a pessoa com segurança, evitando obstáculos, parando em degraus e desníveis, ajudando a atravessar a rua, etc. Muitas pessoas já me perguntaram se o cão realmente conduz a pessoa sabendo o caminho, como chegar aos locais. O cão não funciona como um “GPS”, ele apenas obedece aos comandos do condutor como seguir em frente, achar a saída, achar o elevador, etc, porém a pessoa já sabe se locomover sozinha. O cão também é preparado para não obedecer caso entenda que o condutor corre riscos, mesmo que o comando tenha sido dado.

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Foto: http://irishclickercentre.com/category/guide-dog/

Cão ouvinte: esses cães avisam pessoas com deficiência auditiva em vários tipos de situações, por exemplo quando a pessoa é chamada por alguém, quando o telefone toca, a campainha, alarmes diversos, inclusive alarme de incêndio, choro de bebê, etc. O objetivo é que o cão faça contato físico e leve a pessoa à fonte do barulho. Geralmente são utilizados cães vindos de abrigos e de pequeno e médio porte.

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Foto: http://www.dogsdata.com/a-hearing-dog-can-hear-for-the-deaf.html

Cão de serviço: São cães que acompanham pessoas com outras deficiências que não sejam visuais ou auditivas, como por exemplo cadeirantes, fazendo o alerta quando a pessoa vai ter uma crise, por exemplo quando a taxa de açúcar no sangue cai e também auxiliam pessoas com autismo ou diversos tipos de problemas psiquiátricos. Os cães são treinados para trazer objetos diversos que estão fora de alcance, abrir, segurar e fechar portas, acender e apagar a luz, latir quando a pessoa precisa de ajuda, chamar pessoas específicas, ajudando de apoio, auxiliando em tombos e diversas outras atividades, dependendo da necessidade de cada pessoa e deficiência. A maioria dos cães de serviço são golden ou labrador retrievers.

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Foto: http://www.disabilityrightsflorida.org/resources/disability_topic_info/service_animals

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Foto: http://www.braxtons.com/2013/08/celebrating-service-dogs-in-wayne-pa/

O futuro

Muitas pessoas já me perguntaram:

– Mas Sara, o Lollo vai mesmo para uma pessoa com deficiência? Como você vai conseguir abrir mão dele?

Desde o momento que trouxe ele para casa, pensei em outra pessoa convivendo com ele. Tudo que faço, treino, exponho à ele, é pensando em outra pessoa. Eu já o amo com certeza, e vai ser difícil, mas o bem maior que ele pode fazer não é à mim (apesar de já ter feito isso), mas sim à alguém que realmente vai precisar dele para adquirir mais independência, auto confiança e muitas vezes sair de uma depressão profunda. Teremos responsabilidade para o resto da vidinha dele, estarei sempre presente, mas tenho certeza que ele veio para realmente ser o melhor amigo de alguém que precisa muito.

Fofura máxima:

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No próximo post vou contar como foi a chegada do Lollo aqui em casa com relação aos cães, como fizemos essa adaptação com os oito cães que já moram conosco. O post vai ao ar na sexta-feira que vem, fique ligado! 🙂