Pessoas, depois de vários longos anos me abstendo de dar uma opinião pública, falarei sobre um assunto polêmico. Cesar Millan x Victoria Stilwell.
Nesta semana coloquei um vídeo do Cesar Millan no Facebook e recomendei que as pessoas o vissem. Algumas pessoas gostaram e outras acredito que tenham ficado um pouco “chocadas” com a Sara colocando um vídeo dele na própria página do Facebook. Justo a “Sara, do treinamento positivo”.
Achei uma ótima oportunidade para escrever, enfim! 🙂 Vou dar um exemplo simples para que vocês entendam a maneira que encaro a diversidade e as diversas posturas das pessoas perante os mesmos aspectos:
Vamos supor que eu conheci um treinador de cães e tive a oportunidade de vê-lo mostrar 100 opiniões, técnicas, condutas diferentes. O número 100 é apenas para exemplificar.
1. Em 99, das 100 vezes que ele disse algo, eu entendi, avaliei, comparei com meus valores, e percebi que aquilo não me servia. Aprendi o que dava para aprender, no caso, o que não fazer, como não fazer e as conseqüências que isso tinha, e descartei. Aquilo não me serve.
2. Em 1, das 100 vezes que ele disse algo, eu entendi, avaliei, comparei com meus valores, e percebi que aquilo poderia me ser útil. Aprendi, testei, avaliei novamente, e se o resultado foi melhor do que o que eu aplico hoje, assimilo. Vou passar a utilizar essa contribuição do colega.
Esta forma de pensar funciona muitíssimo bem para quem tem seus valores absolutamente claros, e no meu caso é: “Conscientizar e educar a sociedade promovendo harmonia e entendimento entre donos e animais de estimação, inovando em busca da excelência com respeito e ética.”
Respeito e ética. Quem nos conhece, sabe o quanto prezamos por isso e o quanto praticamos no dia-a-dia.
Mas se tem uma coisa que também prezamos é a diversidade, é manter as fronteiras abertas. Percebemos que isso é muito importante para conseguirmos ajudar colegas que hoje treinam com trancos, choque e chutes, mas que chegam até nós de mansinho, sondando, querendo conhecer, com aquele receio. Se formos radicais, essas pessoas vão embora e nós perderemos uma bela oportunidade de ajudá-las e ajudar seus clientes caninos também.
Maria e Carlos Baptista, da Equipe Tudo de Cão |
Esta conduta também facilita a nós, para que nossos cérebros não bloqueiem informações porque “a capa não nos
É difícil hoje encontrar no Brasil quem treine tão positivamente como nós. Existem, mas são pouquíssimos e essas pessoas acabam chegando até nós também. Só que a realidade da maioria, principalmente fora do estado de São Paulo, é outra, e essas pessoas não podem ser simplesmente excluídas.
Muitas e muitas delas se baseiam totalmente nos programas do Cesar Millan para ensinar os cães de seus clientes, e isso pode ocorrer porque é a única referência que têm. É importante que essas pessoas (as que desejam), aprendam sobre as Teorias e Leis da Aprendizagem, como criar, extinguir, modificar um comportamento, ao invés apenas de aprender como suprimi-los, que é o que o Cesar e outros programas de televisão no Brasil mais fazem.
Eu aprendi uma coisa muito valiosa, e isso me ajuda bastante no dia-a-dia em todas as relações que tenho: Não acredito que alguém seja 100% ruim / errado ou 100% bom / certo. A pessoa que mais admiro no treinamento animal usa punições, mas apenas quando o cão ou a pessoa que conduz o cão corram risco de vida. Ele diz que um treinador iniciante jamais, JAMAIS deve usar qualquer tipo de punição. Ele estuda, faz plano de treino, avalia e planeja toda a situação para ter que aplicar apenas UMA vez a punição. Não mais do que UMA vez.
Se aplicássemos apenas o que este treinador diz, o mundo seria um lugar muito melhor para os cães. Eu, pessoalmente nunca me deparei com uma situação dessas, em que precisasse treinar um cão e ele ou o condutor corressem risco de vida. Resultado: não uso essas punições!
Já me perguntaram se eu nunca usei punições positivas na minha vida. Já, já usei sim! E já dei trancos! Foi assim que aprendi, pois naquela época não se sabia de outros métodos aqui no Brasil. Hoje, as pessoas que me ensinaram a dar tranco, treinam positivamente e não usam mais isso. E eu acabei abolindo do meu treino essas punições, simplesmente porque percebi que, da forma que eu aplicava, não eram eficientes. E eu sou muito eficiente! rs
A lição mais importante desta experiência que tive aprendendo a dar trancos, utilizar punições variadas, despersonalizadas e etc foi que isso me deu muito mais certeza de que eu queria ser uma treinadora positiva! Isso me fez ter garra para ir atrás e encontrar maneiras diferentes de treinar, que respeitassem a minha natureza.
Essa área para mim, comportamento e treinamento animal, é uma escola. Eu não sei tudo, e nunca saberei. E isso é o que mais me encanta, porque uma das coisas que me motiva a continuar é aprender.
Acho que todos aqui tem o seu papel, alguns, precisam realmente fazer oposição, e acredito que tenha sido por causa desta oposição que aquele programa específico do Cesar Millan que recomendei tenha acontecido, caso contrário ele talvez nem se preocupasse em como os animais e as pessoas estão recebendo as técnicas que usa, muitas vezes abusivas.
Essa oposição pode e deve “chacoalhar” algumas pessoas, para que consigam enxergar o que está acontecendo. Mas é importante lembrarmos que nem todas as pessoas podem ser tocadas e atingidas com um chacoalhão. E outras, meus amigos, nem que caia uma bomba na cabeça, estarão abertas a qualquer coisa diferente do que fazem.
O grande desafio para mim é respeitar a todas elas, independentemente da filosofia que adotem, principalmente porque tenho que dar o exemplo. Acho que se todos nós, treinadores e comportamentalistas nos respeitássemos, poderíamos trocar experiências e conhecimento de uma forma saudável.
Para sobreviver ao mercado nós precisamos nos atualizar. Sempre, constantemente! Em qualquer profissão ou atividade, se ficarmos estagnados, em muito pouco tempo estaremos lá atrás… E como fazer isso? Aprendendo e utilizando técnicas mais “humanas”, técnicas e conceitos que as pessoas realmente apliquem e se sintam bem fazendo, consigam fazer quando você vai embora. Simplificando o difícil, e isso é extremamente trabalhoso.
Já a algum tempo as pessoas não engolem mais a informação sem antes questionar. Vamos estudar, aprender, abrir a cabeça e agir de forma a modificar positivamente o meio em que vivemos, dando o melhor exemplo possível que pudermos! 🙂
Obs: O vídeo:
http://rutube.ru/tracks/4052975.html?v=872f977153db0c43d577331f3732b2ca&autoStart=true&bmstart=1000
Isso aí, Sara!Todos tem algo de bom para oferecer. De situações terríveis é possível extrair algum aprendizado. Basta estar disposto a querer aprender, basta estar disposto a querer enxergar.Felizes os que sabem andar no caminho do meio, aproveitando o que a vida tem a oferecer! :)Parabéns pelo seu trabalho!
Obrigada Camilli, fico feliz que tenha gostado!
Adorei, Sara. Concordo com sua maneira de pensar. Precisamos aprender com todas as situações, mesmo as piores possíveis, e isso vale para tudo na vida né?Para bem ou mal, o Cesar e outros programas de tv trouxeram ao grande publico a discussão a sobre como tratamos nossos cães, o que por si só já é algo louvável.Já a Victoria, eu a admiro muito , pela história dela e pelo modo como trabalha. Agora queremos a Tudo de Cão na TV ! rsbeijos !
:lol:Oi Sara! Adorei o seu texto. Assim…. A pessoa que me apresentou o mundo do adestramento ainda usa punições.Eu o admiraria 100% se ele não usasse. Mas mesmo assim não vou deixar de admirá-lo por isso, e tenho fé de quelogo logo ele entenda que não é legal. Quando conheci vocês, senti que nesse tempo curto que nos conhecemos, vocêsfizeram uma cirurgia na minha cabeça! De verdade,pois vocês com todo carinho e jeitinho fizeram comque eu mergulhasse bem no fundo da aprendizagem e isso me ajudou muito pois em minha jornada eu ficava pensandocomo eu me daria se tivesse que usar punições, pois por exemplo,eu morro de medo de biribinhas e sei o quanto é aterrorizadortomar uma extintorada. rsrsrs ….Vocês me ensinaram muitas coisas POSITIVAMENTE , e do outro lado aprendi coisas positivas mas também senti na pele o que seria uma punição…. e pensei como seria na cabecinha do cachorro.Pois identifiqueiem vocês tudo o que vejo nos sites fora do Brasil que usam o adestramento positivo.Acho que você está certa sim, devemos absorver as coisas boas e o que não servir podemos descartar.A você e ao Léo, um muito obrigada do fundo do meu coração! Vocês são incríveis!
Bianca, é verdade!! Tudo de Cão na tv? rs Ixiii… 😛
Helena, fico imensamente feliz por você ter compreendido essas coisas.Mas saiba que isso só aconteceu porque você quiz. Parabéns!! :)Eu que tenho a agradecer!Beijos
Aimmmmm Sara,obrigada. bjoooooooo